sábado, 26 de maio de 2012


Inspirado em Cielo e Senna, ídolo do bicicross quer popularização


Aos 21 anos, Renato Rezende é o ídolo de um esporte pouco prestigiado no Brasil, mas quer motivar mais crianças a praticar o bicicross da mesma forma que Cesar Cielo atraiu pequenos para a natação. A trilha para a popularização da modalidade pode começar neste final de semana, na disputa no Campeonato Mundial de BMX, em Birmingham, na região central da Inglaterra. Na última prova internacional antes do fechamento do ranking pré-olímpico, sete atletas brasileiros disputam classificação para Londres 2012.
Se o Brasil entrar para a lista qualificatória - graças aos pontos somados por todos os competidores -, o atleta melhor colocado no ranking representará o país em Londres 2012. No momento, é Renato quem ocupa essa posição no masculino.
Apesar de o biker ser o 15º melhor do mundo, líder do ranking latino-americano e colecionador de títulos, o reconhecimento ainda está mais restrito ao meio do bicicross. Chama a atenção nas entrevistas o jeito que o atleta fala dos fãs mirins, para os quais admite querer passar sempre uma boa imagem. Tendo começado no esporte aos sete anos, ele recorre às lembranças de sua infância - quando ia falar, às vezes, com algum atleta da elite que o inspirava, mas que não estava em seus melhores dias - para tentar dar sempre atenção às crianças, mesmo se não ganhou uma corrida.
"É um amor sincero que eles têm por mim. A força das crianças tem um poder muito grande. Quando apresentam o meu nome, em uma final de elite, vejo lá de cima a felicidade, a torcida deles. Isso é muito gratificante. Que honra ter esses meninos torcendo por mim", comentou Renato ao Terra, em um intervalo das disputas na pista montada no National Indoor Arena (NIA).
Avisando que não quer parecer um pop star, ele admite também sentir um carinho especial dos adultos nas corridas. Além de Cielo, Renato se inspira em Ayrton Senna, assistindo a muitos vídeos do piloto brasileiro, Ronaldo Fenômeno, "por cair e se levantar", e no lutador Anderson Silva. "Gosto desses caras que chegam, põem moral, vão e ganham", observa.
O bicicross se tornou esporte olímpico em Pequim 2008, quando Renato foi comentarista das provas no canalSporTV. Na luta para conseguir a estreia do BMX brasileiro em Olimpíadas, ele observa que é o ano mais difícil para se conseguir pontos, já que todos os atletas vêm com força na briga pelas vagas.
Em longo prazo, seu principal objetivo é a conquista de medalha no Rio, em 2016. Renato sente que vem amadurecendo, e seus ciclos de treinamento têm se intensificado. No ano passado, passou quatro meses na Suíça e, antes da disputa em Birmingham, treinou por uma semana com os outros atletas brasileiros em Manchester, no National Cycling Centre, a sede da entidade britânica de ciclismo, onde garante que teve um ganho considerável. Para a modalidade, uma das dificuldades encontradas pelos atletas no Brasil é a falta de uma pista de supercross, mas a equipe brasileira ressalta que a situação tem melhorado.
"A realidade é bem diferente do futebol, mas está crescendo muito. Não só por mim, tem vários outros atletas bons. Se conseguirmos uma vaga olímpica, se, em 2016, conseguirmos uma medalha, o bicicross vai se popularizar", diz Renato.
Brasil de olho na vaga
Para a Olimpíada, se classificam os 11 melhores países no ranking da Union Cycliste Internationale (UCI) no masculino e sete no feminino, conforme o ranking mundial (atualmente, o Brasil ocupa o 13º lugar no masculino e 9º no feminino). Além disso, haverá mais sete vagas no masculino e mais quatro no feminino de acordo com o resultado do mundial.
A lista dos classificados para Londres 2012 sai apenas na segunda-feira, mas o técnico da Seleção Brasileira de bicicross, Guilherme Pussieldi, observa que será possível saber os nomes na noite deste sábado, após a final. No total, sete atletas brasileiros estão em Birmingham na luta pela vaga olímpica: além de Renato, Rogerio dos Reis, Igor Martins Ferreira e Hugo Osteti no masculino, com Squel Stein, Priscilla Carnaval e Bianca Quinalha no feminino.


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