terça-feira, 15 de março de 2011

SÉRIE DO L!...

Vamo que vamo, meu jornal querido! Série em dois capítulos com o Cesão no L! impresso e no LNET!, TV L!... material multimídia digno de Prêmio L! do mês de março! \o/



Cesar Cielo: o cara do Brasil
Obstinado e na rotina insana de treinos, o nadador afirma que só se diverte ganhando e avisa: está longe do tempo ideal
Alexandre Lozetti e Paulo Roberto Conde - São Paulo

Pequim, 2008. A atuação brasileira na Olimpíada é marcada por frustrações, fraqueza mental e atletas sem preparo para a vitória. Mas havia exceções e ninguém chamou tanta atenção quanto Cesar Cielo.

Obstinado, focado, concentrado, dedicado, ambicioso. O ouro nos 50m livre alçou o Brasil a um novo patamar na natação, mas não satisfez o paulista de Santa Bárbara d'Oeste. A 500 dias dos Jogos de Londres (ING), Cielo se mantém como principal atleta do país. Não parou de vencer e quebrar recordes ao longo desses três anos e meio. Tornou-se favorito também nos 100m. E para alegria (e espanto) geral da nação, informa:

– Nunca acho que aquilo que faço está bom. Sinto que ainda estou longe de alcançar o que sou capaz e posso baixar muito meu tempo.

Há 500 dias das Olimpíadas, César Cielo treina forte


Para falar sobre a reta final de preparação para Londres-2012, o campeão recebeu a equipe do LANCE! em seu restaurante na Zona Sul de São Paulo, o Original da Granja. Em pouco mais de uma hora, esbanjou firmeza na decisão de voltar a morar no Brasil (amadurecida por um ano) e demonstrou porque é, mais uma vez, a maior esperança de levar a bandeira verde, amarela, azul e branca ao alto do pódio, sem complexo de inferioridade diante dos poderosos norte-americanos, russos e cia., e indiferente ao "importante é competir".

– Eu só me divirto ganhando!

Não é força de expressão. A medalha de prata incomoda. A mãe e agente Flávia Cielo se recorda de quando o filho, ainda criança, terminava uma prova em segundo. A única pessoa feliz na família era a irmã Fernanda, que o representava no pódio. Se não fosse no lugar mais alto, Cesar preferia não subir.

Constrangimento ainda maior causou a convocação da Seleção juvenil para disputar o Kimolo, competição da categoria. Cielo, na época promessa distante de campeão, recusou. Ele seria reserva.

– Ele se cobra muito, quando pequeno não ia receber a medalha. Depois de torneios nem chego perto, não é momento – revela Flávia.

A 500 dias dos Jogos Olímpicos, o LANCE! revela novidades sobre seus treinos e traça o perfil vitorioso do atleta que deveria ser espelho no país: destinado às vitórias.

ROTINA DO OURO
Cesar Cielo é o atual recordista mundial dos 50m e 100m livres em piscina longa (de 50 metros). Para cumprir o objetivo de melhorar consideravelmente seus tempos, os treinos são intensos desde a criação do Projeto Rumo ao Ouro 2016 (PRO 16), que visa, a longo prazo, uma equipe em condições de acumular medalhas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Para Cesão, o prazo é menor. São seis dias de atividades por semana (descanso somente aos domingos) e elogios gerais ao comprometimento do nadador. Alberto Silva, o Albertinho, técnico do time, relembra o exaustivo treino em que todos festejaram o término. Ou melhor, quase todos.

Insatisfeito com sua produção, Cielo perguntou se poderia repetir uma série, partindo de fora da piscina, o que denota mais esforço.

Faz por que gosta ou por que precisa? O recordista responde:

– A rotina de treinos é um saco, chata pra caramba. Eu gosto de treinar porque me faz ganhar.

A cartilha de regras da equipe também foi elaborada por Cielo. O rigor começa pela pontualidade.

– Se o treino está marcado para as 15h e o cara chega às 14h57, está atrasado. Às 14h55 tem de estar pronto para nadar. São coisas simples, mas se deixar uma lacuna todo dia, se torna uma coisa grande.

CARGA PESADA
Entre os integrantes do staff do PRO 16, a novidade é o preparador físico Luciano D'Elia. Indicado por Albertinho, ele foi precursor no Brasil, há 12 anos, do Treinamento Funcional, método cujo intuito é melhorar a performance física baseado em todas suas capacidades.

Aos 19 anos, Cielo incorporou a musculação ao seu treinamento e jura ter sido o momento de maior evolução da carreira. Em 2011, o novo preparador ampliou de 5 a 10% a carga e a intensidade dos exercícios. Na avaliação de D'Elia, o atleta é "fisicamente completo".

– Ele não tem exercício perdido, tenta até conseguir. É um cara que se desafia o tempo todo – atesta.

ALIMENTAÇÃO
Já era madrugada quando tocou o telefone celular de Gustavo Magliocca, médico do PRO 16. Do outro lado da linha seu paciente mais ilustre estava inquieto. Ficara sabendo que velocistas rivais, europeus, estavam tomando um suplemento que melhora o desempenho. Cielo indagava se a fórmula seria benéfica a ele também.

A ligação não é rara. Os suplementos alimentares fazem parte da rotina do campeão, mas têm os dias contados. A ideia do "Doc", como Magliocca é chamado entre os nadadores, é que Cielo chegue às mais importantes competições sem tomar absolutamente nada.

– Esse é nosso acordo. Tudo que for novo eu não vou prescrever. O que mudei foi sua alimentação, que não era tão adequada. Mas dos suplementos a ideia é que ele vá desmamando – explica o médico.

Essencial para o novo hábito foi um teste realizado na Espanha que identifica a que tipos de alimentos o organismo de Cielo tem maior intolerância e quais têm a digestão mais lenta. Corantes e comidas ácidas foram afastados.

AGONIA NOS EUA
Confiança. Família. Treinamento. Felicidade. São os quatro pilares estabelecidos por Cesar Cielo para nadar sempre em alto nível.

O último, porém, tinha sérios arranhões em Auburn (EUA), onde morou e treinou de 2006 a 2010.

– Cheguei ao limite de ficar sozinho, não suportava mais viver longe da família e dos amigos. Chegou um momento em que tudo nos Estados Unidos era chato. Comecei a achar que o chato era eu – brinca.

A primeira "crise", talvez uma das piores, ocorreu às vésperas da Olimpíada de Pequim, em razão das seguidas trocas de técnico que colocaram Brett Hawke em seu caminho. Cielo telefonava para a mãe. As horas de desabafo ocasionaram três idas de Flávia a Auburn e uma visita ao psicólogo da universidade. Enquanto a mãe rapidamente atestou a aflição do filho, o psicólogo foi "manipulado".

– Depois de três sessões ele me mandou embora, perguntou o que eu estava fazendo lá. Não quero abrir a cabeça para alguém que não conheça, me sinto confortável falando dos problemas com a minha família – admitiu Cielo, exibindo sua face mais reclusa.

– Ele enganou até o psicólogo – resumiu a mãe, sua confidente.

INTIMIDAÇÃO
O último grande momento do principal atleta brasileiro foi o Mundial de Natação de Dubai, em dezembro do ano passado. Cielo não acordou bem no dia da final dos 100m livre. Indisposto, com princípio de gripe. Ao chegar no local da prova, não encontrou o preparador físico, a quem pediria uma massagem antes de nadar.

– Notei a expressão de preocupação, mas ele não falou nada.

O campeão aprendeu a lidar com a apreensão. Em Pequim, antes do ouro olímpico, transparecia nervosismo. Em Dubai, antes do ouro no Mundial, prestava atenção na televisão, pensava em um monte de bobagens e usava o feitiço, agora contra o feiticeiro.

– Eu me sinto mais folgado. Antes o cara vinha dar boa sorte com cara de bravo. Agora eu faço isso, de um jeito bom para mim.

É esse olhar, de vencedor, que o Brasil espera de seus atletas daqui para frente, até Londres, e depois no Rio de Janeiro. Olhar que não teme ninguém, não passa impressão de fraqueza e brilha somente quando enxerga o ouro.

FONTE: LANCE!



Sensacional, né?! Amanhã tem mais! =)

Beijocas Celestes! =)

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