quinta-feira, 9 de agosto de 2012

INÍCIO DE UM NOVO CICLO...


Cesar Cielo coloca foco em 2016 e em competições como o Mundial de 2013.

Cesar Cielo mostra medalha olímpica em coletiva no Flamengo
Depois das férias, o medalhista olímpico vai buscar inspiração nos grandes tenistas: “Acaba um torneio e eles já estão disputando outro, e outro, e outro…”
Rio de Janeiro – Cesar Cielo só não foi a piscina por dois dias, desde sua volta de Londres com o bronze nos 50 m livre – sua terceira medalha olímpica. Chegou ao Brasil na segunda-feira (6/8), mas já fez treinos leves e em horários opcionais para ainda nadar o Troféu José Finkel, pelo Flamengo, de 20 a 25 de agosto, a última competição antes das férias. Nesta quinta-feira (9/8), no Rio, Cesar Cielo recebeu os jornalistas em seu clube, o Flamengo. Disse que o foco se voltará para as próximas competições – o Mundial de Barcelona será em 2013 -, até os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. “Tem o Finkel daqui a pouco, estou com uma rotina de treinos leves, e as férias serão pós-Finkel… Estava imaginando umas duas ou três semanas, mas se eu sentir vontade de voltar antes vai ser bom.”
Este é o terceiro ano consecutivo de grandes conquistas em que Cielo fala aos jornalistas na Gávea, após uma competição importante. Descontraído, brincou quando perguntaram o que fez desde que chegou. “Para falar a verdade, sem querer fazer aquela piadinha chata de nadador…, não fiz nada (risos), nem dentro nem fora da piscina. Estou em casa sem rotina, indo dormir na hora que quero, acordando na hora que quero, sem estar preso com horários de treinamento”, afirmou. Cielo disse que estabeleceu com o técnico Alberto Silva, o Albertinho, horários opcionais de treinos para o Troféu José Finkel. “Se eu acordar de bom humor, vou treinar de manhã, como fiz hoje aqui no Flamengo. Se não, vou à tarde.”
Cielo, que é dono de três medalhas olímpicas, de nove medalhas ganhas em Mundiais e o recordista mundial dos 50 m e dos 100 m livre, disse que quer nadar, e para ganhar medalha, nos Jogos do Rio/2016. Falou do bronze de Londres, de continuar nadando ou não os 100 m e da parceria com o Flamengo.
Sobre ter 29 anos em 2016

Todo ano que passa o meu corpo fica diferente, temos de arrumar algo no treinamento, principalmente em relação ao descanso e à recuperação. Até 2016, vou ter de me descobrir ano a ano, mas isso não me incomoda. Sei o que preciso fazer, tenho sensibilidade. Sinto que, com o tempo, tenho ficado cada vez mais forte, estou levantando mais peso na musculação, treinando de forma mais regrada. A rotina de atleta profissional faz parte da minha vida. Mas o mais importante vai ser sentir se eu ainda estou competitivo.

Sobre buscar mais uma medalha em 2016 e igualar Gustavo Borges

(Gustavo Borges tem quatro medalha olímpicas, duas de prata e duas de bronze; Cielo tem três, uma de ouro, conquistada em Pequim/2008, e duas de bronze, a dos 100 m livre, de Pequim também, e a dos 50 m livre ganha em Londres).
Vamos ver se eu empato com o Gustavo em 2016…. Quero muito chegar lá disputando uma medalha contra os melhores do mundo, tenho muita vontade, mas vamos deixar que as competições grandes que vêm por aí mostrem isso.

Sobre se pensa em nadar os 100 m na Olimpíada do Rio

Sinceramente, acho difícil nadar os 100 m. O revezamento é uma coisa viável, estava tentando ajudar na escalada do 4x100m de volta ao pódio, mas nos 100 m livre o tempo vai dizer. Hoje, vejo que priorizar os 50 m seria mais interessante, mas vamos ver. Ainda tem muita competição pela frente, Mundial no ano que vem, Pan em 2015… No decorrer das competições vamos sentindo o que dá para fazer.

Sobre os investimentos feitos na natação no último ciclo olímpico, de Pequim a Londres

Aumentou e melhorou. Com os Jogos aqui no Brasil acho que vai melhorar ainda mais. Melhorou também a mentalidade dos atletas. Na natação, vejo um grupo muito mais sério, preparado para ser atleta, para competir. Muito, muito bom ainda não está, se não a natação feminina também estaria num patamar melhor… mas, como atleta de seleção desde 2004, consigo ver uma melhora grande sim. E tem de continuar assim. No caso do Brasil, o que precisamos é sempre estar competindo fora. A América do Sul nós dominamos com facilidade, muito difícil achar adversário como em uma competição grande. Daqui para a frente, vejo a gente viajando cada vez mais.

Comparação entre o Cielo de 2008 e de 2012

São vários fatores a serem pesados. Em Pequim, as provas eram de manhã e duravam três dias, tínhamos um tempo maior de recuperação, os maiôs ainda estavam na piscina e ajudavam bastante no pós-prova. Mas a diferença maior seria mesmo de um atleta de 21 anos para um de 25. Não que 25 seja uma idade em que eu não aguentaria nadar muitas vezes, mas o ideal seria priorizar os 50 m. No Mundial de Roma foi a mesma coisa, eu consegui ganhar as duas provas, mas me senti muito cansado também, poderia ter nadado melhor. Mas analiso o que aconteceu nessa semana da olimpíada. O que aconteceu antes serviu de experiência.

Motivação para seguir

É o meu trabalho. Acabou a Olimpíada, tudo volta ao normal, os jornalistas continuam trabalhando, meu pai já voltou ao trabalho. Eu trabalho com esporte, não tem como parar. Esperar o tempo passar e não ficar pensando muito no que passou. Os tenistas, como Nadal, Federer, são grandes exemplos, acaba um torneio e eles já estão disputando outro, e outro, e outro… não param nunca. É um modelo a ser seguido. Estou com 25 anos, penso em nadar mais uns oito anos. Então, não quero olhar para trás e pensar que eu perdi tempo tirando férias.

Natação vivendo de talentos individuais

Acho que não, vivemos momentos bons com Fernando e Gustavo, em 1992 e 1996. Em 92, foi uma medalha de prata só; em 96, as três, e agora foram duas. Vamos criando expectativas de que sempre vai melhorar, mas 2004 passamos uma Olimpíada bastante apertada. Antigamente, vibrávamos muito com um índice olímpico. Hoje, o pensamento é outro: se o cara vai chegar à final, se vai ganhar medalha. A mentalidade mudou… Além disso, conquistamos um respeito maior lá fora e eu continuo acreditando que esse é o melhor time que nós já tivemos. E acredito que 2016 será nossa melhor campanha.

O que você achou dos resultados do PRO 16? Pensa em voltar a treinar nos EUA? Já houve conversa de renovação com o Flamengo?

O projeto foi pensado também para eu ter um lugar para treinar aqui no Brasil que sentisse que seria melhor do que lá fora, com um staff bacana, com a tranquilidade que eu precisava para treinar… Em Pequim, quando peguei o bronze, o mundo podia acabar que eu já estava feliz; em Roma foi a mesma coisa com os 100 m e o recorde mundial. No Mundial de Dubai também. O sentimento que eu tive quando o Thiago ganhou a prata foi o mesmo. A sensação é de que essa medalha de prata dele pagou todo o nosso esforço e dedicação, fez tudo valer à pena. Tanto que se eu não pegasse uma medalha seria uma decepção para mim, mas para o projeto a medalha do Thiago já era muito boa. A medalha olímpica é uma coisa muito especial e para o Thiago ainda mais.

Receptividade do povo brasileiro com o bronze

100% de apoio. Tem sido muito bacana. Quando as pessoas vêm falar comigo, me sinto até emocionado. Tem hora em que eu sinto que nem preciso de férias, que já tenho de voltar a treinar e buscar o meu melhor. O pessoal está fazendo até mais do que a parte deles. Tem sido muito gratificante para mim.

Parceria com o Flamengo

Tenho muito orgulho de fazer parte de uma equipe vencedora, com campeões mundiais e atletas renomados, como Fabiana Beltrame, no remo, Marcelinho, no basquete, Diego Hypólito, na ginástica. A Patrícia Amorim resgatou a natação do clube. O Flamengo chegou aonde chegou graças a esse resgate. O clube não é apenas o futebol. E eu fico muito feliz em fazer parte disso. Além disso, tenho muito orgulho de representar o clube de maior torcida do mundo.

Sobre renovação com o Flamengo

Sobre o contrato com o Flamengo, a vice-presidente de Esportes Olímpicos do clube, Cristina Callou observou que a intenção do Rubro-Negro sempre foi um projeto de longo prazo na natação. “A ideia era recuperar a natação do Flamengo. No ano passado, voltamos a ficar entre os três primeiros. Este ano, vencemos o Maria Lenk e vamos disputar o Finkel com a intenção de vencer de novo. Mas em nenhum momento, em agosto, a gente conversou sobre renovação, nunca tivemos nenhum problema com a renovação, sempre foi super natural. Não vejo nenhum problema. Se a vontade dele for ficar, a do Flamengo continua sendo essa.”


Até mais!

Beijos,

Déa.

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