quarta-feira, 20 de junho de 2012


Quatro anos 'mais mala', Cielo busca novo ouro com perfeccionismo e sem olhar rivais


Quando chegou a Pequim, em 2008, para disputar sua primeira Olimpíada, César Cielo era quase um desconhecido do grande público brasileiro. Pois bastaram duas provas – e duas medalhas – para que ele se tornasse um dos grandes ídolos do esporte nacional.

Quatro anos depois, Cielo está mais maduro, mais experiente e mais vencedor. No período, ganhou as principais provas de 50m livre, foi campeão mundial também nos 100m e bateu recordes nas duas provas. 

Mas, quando questionado sobre o que mudou, ele não escolhe outra palavra. “Estou mais mala”. A ‘malice’ a que Cielo se refere, é também conhecida como perfeccionismo ou dedicação. 

Ao lado do técnico Albertinho Silva, Cielo passa horas analisando os próprios movimentos. Tentando, como ele mesmo diz, “encontrar alguns centésimos”. Centésimos que, em uma prova de 50 ou 100 metros, fazem a diferença entre o topo do pódio e a última colocação na final.

Durante encontro com jornalistas em São Paulo, na última entrevista antes de viajar para Londres, o campeão olímpico dos 50m livre disse que já encontrou muitos destes centésimos. 

Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

O tempo ideal

É difícil apontar um tempo final. Acho que ainda tenho uma janela para melhorar no que considero minha prova ideal. Gostaria de nadar abaixo de 21s30, que foi o recorde que consegui em Pequim, ainda com os trajes tecnológicos. Seria uma evolução bacana. Pessoalmente, não penso em uma meta final de tempo. Estou torcendo para que o meu melhor tempo seja o suficiente para conquistar a medalha de ouro.

Dicas para a seleção brasileira de futebol

A Olimpíada é uma competição como qualquer outra. É o que sempre digo para os mais novos da natação: basicamente, a piscina tem 50 metros e o mesmo tanto de água, só que tem mais festa, barulho, mais glamour. Você precisa considerar como qualquer outra competição em que já competiu. O pessoal da seleção de futebol deve entrar em campo sabendo o que deve fazer e pensando que a performance está acima de qualquer nome de competição.

Cielo de Pequim x Cielo de Londres
Eu estou mais chato. Fiquei mais mala, mais perfeccionista. Um pouco da ansiedade agora é parecida com a de 2008, a competição está chegando. Em relação à parte de atleta, está parecido. Talvez eu esteja mais controlado. Mas, como pessoa, não tem comparação: quem já passou por isso sabe da diferença de passar dos 21 para os 25 anos. Estou muito mais maduro, mais experiente, preparado. Independentemente de ser campeão olímpico ou não, como pessoa eu fiquei mais preparado para qualquer desempenho.

Os 100m livre
Vou para fazer o melhor e espero que seja suficiente. Dentro de mim, tem um tempo melhor do que o que fiz no Pan-Ameericano. Tem algumas direções que me fazem acreditar que tenho um tempo a ganhar. A Olimpíada é o local mais difícil de fazer uma boa prova. Vi em uma pesquisa que apenas 17% dos atletas atingem as melhores marcas durante a Olimpíada. Quero estar nestes 17%.

Participação nos revezamentos

Nas eliminatórias do 4x100 eu não devo nadar mesmo, acho que isso não é muito segredo. Devem nadar o Bruno Fratus, Nicholas Santos, Nicolas Nilo e o Marcelo Chierighini. Aí, dentro da competição, a gente tira o quarto tempo da eliminatória e eu entro para a final. No 4x100 medley, ainda temos algumas ideias rolando, mas é complicado para mim porque tenho a final dos 50m livre à noite, e a prova dos 4x100 medley é de manhã. 

Pressão de 2012 x pressão de 2008
Acho que agora estou em uma situação mais confortável. Quando acho algo que possa melhorar, sei que essa melhora pode me manter no topo por mais tempo. Sinto que essa auto-análise é mais importante do que analisar os adversários. Tenho um tato aguçado sobre o que dá para melhorar na parte técnica, e o [técnico] Albertinho, também. A gente achou alguns centésimos para a Olimpíada, agora é executar na hora crítica, para continuar no domínio da prova pelo quinto ano seguido.

Os pais à procura de ingressos
Estou pensando tanto em Olimpíada que pedi para os meus pais não ficarem falando de ingressos em casa. Quando estou em casa, quero falar de outras coisas, de coisas que não têm a ver com isso. Não quero ficar nesse stress com eles. Mas sei que eles já resolveram essa questão do ingresso. Eles vão assistir, mas eu tenho de pensar só em nadar.

Presença da namorada em Londres

A parte da competição é algo muito íntimo e pessoal meu, acabo não tendo contato com o que está acontecendo fora. Durante os campeonatos, eu entro em contato só para avisar que está tudo certo, não me faz bem ligar e ficar conversando muito ou falando da competição. Eu continuo tendo minha privacidade. É bacana estarem todos lá, mas só vou vê-los depois da competição, mesmo.

A equipe brasileira

Vamos para esta Olimpíada para tentar superar o Mundial de Roma e fazer a melhor campanha da história. A equipe tem grandes talentos, tem atletas muito novos que, acredito, podem chegar ao auge em 2016. O Bruno [Fratus] tem 22 anos, o Felipe França está com 25, o Thiago [Pereira] tem 26. A gente se encontra no melhor momento da natação no Brasil e espero que a equipe coloque isso em prática já em Londres, e que no Rio a gente possa fazer uma grande campanha em casa. 

Chances nos 50 e 100m livre

Nos 100 metros livre, estou em oitavo no ranking. Nos 50, qualquer um que esteja na final pode acordar em um dia iluminado e fazer alguma coisa maluca, quem entrar na final pode ganhar. Eu diria que os australianos estão melhor nos 100 metros, e os brasileiros estão melhor nos 50m.

Polêmica com empresário de Neymar (após Cielo receber uma premiação de Atleta do Ano, vencendo Neymar, Wagner Ribeiro disse que “ganhou o doping”)

Nunca vi o Neymar pessoalmente, nunca tive a oportunidade de encontrá-lo. Sobre o prêmio, foi muito bacana. Dentro do país do futebol, competindo com o maior nome do futebol brasileiro e poder vencer... Foi sem dúvida muito bacana para mim e para a natação. Isso mostra que a gente está com moral e o povo consegue ver isso, o público consegue ver isso. O que aconteceu, esse incidente, foi insignificante para atrapalhar minha conquista ou minha carreira.


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Cielo 'ignora' família e namorada para manter foco em Londres


A experiência vitoriosa em competições de peso faz Cesar Cielo pensar nos mínimos detalhes para disputar os Jogos Olímpicos de Londres. Em busca dos milésimos que podem fazer a diferença nas finais, o nadador descarta perder a atenção em fatores externos e até com questões relacionadas à família.
Na edição passada da Olimpíada, os pais de Cesar Cielo tiveram problemas em adquirir as entradas para acompanhar as disputas da natação ao vivo em Pequim. Desta vez, o nadador quis distância da luta dos familiares pelos bilhetes, apesar de receber, de forma antecipada, boas notícias sobre o tema.
“Eu penso tanto na Olimpíada e em treinos que pedi para não falarem sobre isso em casa. Você tem pouco tempo para ficar em casa, não quer passar por esse estresse. Eu sei agora que já resolveram”, comentou.
Na preparação em Pequim, Cesar Cielo deixou de lado até os relacionamentos amorosos em busca da sonhada medalha de ouro. Agora, irá contar com a torcida da atual namorada, Priscila Machado (Miss Brasil 2011), que já confirmou a ida para Londres.
Ainda assim, a ideia de Cielo é manter a individualidade até o fim da participação na Olimpíada. Até mesmo as ligações telefônicas - com os pais ou a namorada - serão feitas com restrições.
“Na verdade, a parte de competição é um momento muito íntimo e pessoal. Não tenho contato com o que acontece fora. Na maioria das competições, eu entro em contato com meus pais só para ver se está tudo certo. A rotina agora será a mesma, a parte de competição não muda, continuo tendo a minha privacidade. Não vou mudar nada no melhor momento da carreira. É bacana ter todos lá, vou me sentir mais em casa, mas vou acabar vendo todos depois da competição”, avisou o atleta.
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Em dia de fã, Cielo recebe pedido de Mano: ‘Pedi a ele o caminho do ouro’

Feliz em encontrar técnico da seleção brasileira, nadador é questionado sobre o segredo para conquistar o ouro. ‘Receita difícil', diz treinador


Campeão olímpico em 2008, nos 50m livre das Olimpíadas de Pequim, Cesar Cielo, acostumado a ser idolatrado, deu uma de fã nesta terça-feira. Durante evento no estádio do Pacaembu, o nadador demonstrou felicidade ao estar junto de Mano Menezes, técnico da seleção brasileira. Mas foi o treinador quem fez pedido.

Às vésperas de comandar o time olímpico de futebol do Brasil nos Jogos de Londres, Mano Menezes pediu a Cielo o caminho do tão sonhado ouro.

- É um prazer estar com todos aqui, principalmente com o Cielo. Ele não me pediu nada (em termos de convocação de jogadores), mas eu pedi a ele o caminho do ouro. Mas como essas receitas não são tão fáceis, precisamos construir nosso próprio caminho quanto a isso – falou Mano.
Cesar Cielo, antes mesmo de começar a coletiva, tinha falado sobre o prazer de estar ao lado do técnico da seleção brasileira.

- Eu já tinha encontrado com o Mano em outro evento, mas não tínhamos nos falado pessoalmente. Dessa vez apertei a mão dele – comentou o nadador.

Na vida real, Cielo só tem elogios a Mano Menezes. Mas na virtual a história é outra. Em jogo de gerenciamento no videogame, o técnico não dá bola a ele. De qualquer maneira, o nadador está confiante na Seleção nos Jogos de Londres.

- Eu, como nadador, não entendo de futebol. Às vezes brinco em um jogo de gerenciamento de futebol e o Mano nunca me contrata como auxiliar (risos). É um grupo talentoso, capacitado. Tenho esperança de que eles ganhem lá – finalizou.

A seleção brasileira de futebol jamais ganhou medalha de ouro das Olimpíadas. Este ano aposta em Neymar e cia para, enfim, ter essa conquista na galeria.
Mano Menezes e Cesar Cielo na coletiva (Foto: João Gabriel / Globoesporte.com)


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Vlw Rai!


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