segunda-feira, 21 de maio de 2012


Técnicos que fazem a diferença: Albertinho e Cielo viram referência



Alberto Silva, o técnico Albertinho, tem sob seu comando nada menos que Cesar Cielo – ouro olímpico dos 50 m livre em Pequim 2008, campeão mundial dos 50 m livre e dos 100 m livre em Roma 2009, dos 50 m livre e dos 50 m borboleta em Xangai 2011. Também recordista mundial dos 50 m livre e dos 100 m livre (20s91 e 46s91), o nadador tem talento mas também trabalha muito duro para se manter no topo do esporte mundial. E parte desse trabalho  técnico e físico foi idealizado por Albertinho e alguns parceiros, tornando-se modelo para clubes brasileiros e também objeto de estudo de adversários.
Albertinho, que está com 51 anos, praticava taekwondô, futebol e natação no CPT (Centro Paulista de Tênis). Depois de fazer três anos de Engenharia, entrou para a faculdade de Educação Física (a Osec, na época, na Zona Sul de São Paulo).
- O que a Engenharia pode ter ajudado? Raciocínio rápido, talvez, entender melhor a aplicação de vetor, força… Os termos já eram mais familiares. Acredito que o taekwondô tenha sido bem importante. Toda arte marcial é bem legal, porque dá a você segurança, equilíbrio, disciplina, confiança, controle… Todo mundo deveria fazer.
Ciências complementares
Na faculdade de Educação Física, decidiu que seu foco seria a natação.
- Ainda nos anos 1980, eu já procurava estudar mais sobre fisiologia, anatomia, força… que poderiam complementar meu trabalho.
Albertinho “foi “arriscar” no Pinheiros – clube em que se destacaria como técnico de ponta, passando por todas as categorias, da petiz à principal -, onde começou em 1986. As inovações começaram com trabalhos paralelos que teve na academia Corpus – e depois no Projeto Acqua, em 1992.
- Comecei no Pinheiros como estagiário e trabalhei em paralelo na Corpus uns dois anos. Eu tinha condições de iniciar o trabalho sem receber, pela minha família – que não é rica, mas podia me deixar focado apenas nos meus objetivos. Entrei no Pinheiros em 1986 e cheguei à equipe principal, com o técnico Alberto Klaar, em 1992/1993. Em 2003, além de técnico principal, também passei a supervisor de toda a natação do clube.
Alberto lembra de resultados importantes que conseguiu, ainda nos anos 1990, em todas as categorias, com recordes ainda não batidos nas categorias de base.
Filmagens na biomecânica
Mas o grande salto, mesmo, não apenas para Albertinho mas para a natação brasileira, foi pelo trabalho que começou com Paulo César Marinho no Projeto Acqua, com biomecânica.
- Poucos técnicos tinham câmeras filmando os movimentos dos nadadores. Ou estavam criando protocolos como o de lactato, com o auxilio da doutora Maria Augusta, da USP, usado até hoje na equipe brasileira. Fomos comprando equipamentos…
A partir de 2000, chegavam Gustavo Borges, Flávia Delaroli (2001), Tatiana Lemos (2002), Cesar Cielo e Nicholas Santos (2003), que depois virariam referência, no Pinheiros, diz Albertinho – que se considera “empreendedor”.
- Tínhamos equipamentos de biomecânica, força, até o “bloco genérico”: tirei medidas, fotografei, e fizemos, com o André Fiori, diretor do Pinheiros.
Inovadores e idealistas
Albertinho diz que procurou reunir pessoas “idealistas”, como ele mesmo. Tomava referências com os mais experientes e “construía” com pessoas mais jovens.
- Foi o caso, por exemplo, dos irmãos Murilo e Gustavo Drago, que tomaram a frente da preparação física do Pinheiros em 2008. A gente já filmava, já queria mudar a preparação física no clube, mas isso só seria feito em 2008, com eles.
Até então, eram testadas cargas de trabalho, distribuição de peso, tudo tomado do levantamento de peso olímpico.
- Tínhamosos movimentos, mas não tínhamos a metodologia. E é perigoso, porque ou o atleta se machuca ou, com uma técnica de movimento “pobre”, não conseguimos atingir grandes cargas, que são necessárias para o treinamento em alta performance. Porque o levantamento do peso mexe com cadeias musculares do corpo inteiro, que com o movimento vão se ligando umas às outras, com os músculos recebendo cargas.
Trabalho vira referência
Albertinho conta que “fomos entendendo cada vez mais os movimentos da água e sua relação com o que era feito fora da água. Aos poucos, diz, fizeram adaptações, para que houvesse o máximo de transferência para a natação, em todos os estilos e distâncias.
- Essa metodologia também virou referência em outros clubes. Momentos coincidiram e em 2008/2009 a natação brasileira deu um salto.
Albertinho diz que, assim, o trabalho do Pinheiros virou modelo para o Brasil inteiro.
- O clube é o maior vencedor da história da natação no país. E não é só a questão de ganhar: antes, nos anos 1990, viajávamos o Kallar, eu e um assistente técnico. Depois, o staff do Pinheiros já tinha 16, 20 pessoas. O padrão montado no Pinheiros virou referência. Hoje, em qualquer competição, temos tripés com filmadoras, barraquinhas com massagistas, fisioterapeutas, testes de lactato, repositores e vários mecanismos para a recuperação dos atletas entre as provas.
Metodologia refinada
Albertinho conta que conheceu Cesar Cielo em 2002. Em 2003, o nadador já estava no Pinheiros (também treinou no Projeto Acqua). Foi a seu primeiro Mundial em 2004 (de Piscina Curta, em Indianápolis) e teve seu primeiro grande momento em 2006. Ficou dois meses nos Estados Unidos em 2005 e mais quatro em 2006, quando foi ao Mundial de Xangai (também de Piscina Curta), em abril.
- Em maio, ele estava aqui e não queria voltar. Foi ficando e ainda em 2006 bateu marcas do Gustavo Borges e do Fernando Scherer…. até fazer o terceiro tempo do mundo nos 100 m livre no Brasileiro , em dezembro de 2006. Foi de novo para os Estados Unidos, para o campeonato da NCAA [National Collegiate Athletic Association], onde bateu recordes dos 50 e dos 100 livre em jardas. Não queria ir ao Mundial de Melbourne 2007, mas foi, fez o quarto tempo dos 100 m livre (a quatro centésimos da medalha) e sexto nos 50 m livre – e apareceu para o mundo. É dessa época a comtribuição dele para o Pinheiros, com as séries de musculação que trouxe de Auburn.
Então, segue Albertinho, Cielo ficou “praticamente direto” nos Estados Unidos, um ano e meio, até a Olimpíada de Pequim 2008, passando pelo Pan do Rio de Janeiro 2007. Na volta, até 2010, passou a se dividir – de fevereiro a julho/agosto nos Estados Unidos, depois aqui.
- Foi com o Cesar que refinamos a metodologia do treinamento, dentro e fora da água.
No inicio de 2011, Alberto Silva deixou seus cargos no Pinheiros, para ser o técnico do PRO 2016, projeto com um grupo de nadadores, liderados pelo recordista mundial (20s91 e 46s91) e medalhista olímpico – ouro nos 50 m livre de Pequim 2008, onde também foi bronze dos 100 m livre -, além de campeão mundial dos 50 m e dos 100 m livre em Roma 2009 e dos 50 m e dos 50 m borboleta em Xangai 2011.
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VLW RAAAI..!

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