sexta-feira, 27 de junho de 2008

3ª parte da reportagem

[...] Cesão era um calouro recém-chegado a Auburn, de 19 anos incompletos, quando experimentou o seu primeiro choque físico-emocional. Naquele inverno de 2006, o manda-chuva do Departamento de Natação da universidade ainda era o venerado David Marsh, eleito dez vezes Técnico do Ano pela NCAA, e técnico da equipe dos Estados Unidos em duas olimpíadas. Fora Marsh quem mexera os pauzinhos para a contratação imediata de Cesão, ao vêlo competir num mundial de piscina curta, em Indianápolis. “Era meu segundo mês no Alabama”, relembra o brasileiro, “e eu estava começando a me adaptar aos treinos – na verdade, ‘sobrevivia’ a eles.” Nenhum dos cinqüenta e tantos outros nadadores da equipe tinha idéia de quem era, nem o que sabia fazer na água, aquele novato tropical de cachos loiros, olhos verdes e nariz arrebitado. O dia começara às cinco e meia da manhã, com uma série muito forte, daquelas de moer. No período da tarde, novo massacre. Ao final, o chefão Marsh ordenou que todos se posicionassem para um tiro de velocidade de 50 metros.
– Estou exausto, não vou conseguir. Acho melhor eu não participar – tentou ponderar Cesão, falando baixo. Marsh fez que não ouviu e repetiu a ordem sem desviar o olhar do infinito. O tiro foi dado e o brasileiro ancorou como náufrago, dois corpos atrás do resto do grupo. “Eu estava consumido de raiva, humilhação e vergonha”, conta. Ainda com os óculos de natação lhe escondendo os olhos, tomou coragem e foi se queixar com o técnico:
– Eu sei que sou melhor que esses caras e tive que ver eles me destruírem hoje – conseguiu dizer. Em vez de responder, Marsh ordenou que o brasileiro retirasse os óculos antes de se dirigir a ele. Questão de disciplina. Só que atrás dos óculos apareceu um par de olhos marejados de raiva e exaustão. O grandalhão Marsh levou o calouro recém-chegado para um canto mais reservado da piscina e só então falou.
“Desculpe ter desapontado você hoje. Foi um erro. Eu sei, e você sabe, que é o melhor aqui. Se quiser, pode fazer outro tiro de 50 metros e mostrar quem é o melhor nadador desse time.” Cielo, esgotado, não conseguia dar mais braçada alguma e preferiu armazenar a raiva para quando precisasse dela. E Marsh, ao despachar o pupilo para o vestiário, fez uma previsão: “Mantenha a cabeça erguida. Hoje foi um dia importante na sua carreira.”
A mãe do atleta, Flávia Brito Lira, que tem atuação capital nos bastidores da carreira do filho, aprendeu a apreciar o estilo do americano. “Ele é ideal para o Cesão, que agüenta pressão muito bem”, acredita ela. “Logo na primeira competição do menino, o técnico exigiu: ‘Vai lá e ganha os 50 metros.’ No Brasil, você seria crucificado se dissesse algo parecido. Aqui leva-se tudo para um lado por demais pessoal. Se você troca de técnico, ele já te vira as costas e acha ruim.”
Ricardo de Moura, o roliço diretor técnico da natação brasileira, que há dezoito anos trabalha para fazer avançar o esporte no país, tem opinião fechada sobre o excesso de intimidade entre técnicos e nadadores no Brasil. O “professor”, como é chamado pelos atletas mais jovens, inclusive Cielo, chegou aos 56 anos de idade com poucas vaidades e uma convicção: proximidade demais atrapalha. “Posso ser padrinho de casamento de não sei quantos nadadores, mas há uma linha demarcatória que eles sabem que não devem atravessar.” Moura, que em agosto comandará sua quinta equipe olímpica, é da época em que a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, a CBDA, não tinha nem pó de café, nem resultados de provas.
Está na sua terceira geração de atletas, pais de atletas e técnicos, e acaba de tomar uma decisão de alta voltagem a respeito da equipe que vai à olimpíada: “Vou botar minha cara a tapa e talvez leve chumbo dos treinadores nacionais, mas decidi convocar rett Hawke para ser o técnico do Cesar também em Pequim. Todo atleta está interessado numa coisa que se chama resultado, e para o Cesar a diferença entre Brett ir ou não ir está na relação direta entre ele ter mais ou menos chances de ganhar uma medalha.” Duas olimpíadas atrás, em Sydney 2000, a CBDA já havia convidado uma penca de técnicos americanos que treinavam brasileiros nos Estados Unidos para integrar a delegação nacional, com todas as despesas pagas. “Foi um horror”, reconhece Moura. “Eles desembarcaram sem qualquer compromisso conosco, com a nossa programação, só queriam saber de ingressos para a cerimônia de abertura, e nossos nadadores, com raras exceções, ficaram à deriva. Como na época briguei muito contra aquele estado de coisas, agora vão tirar o meu couro por chamar o Brett. Mas vou assumir. Sei que é o melhor para o Brasil.”
Basta acompanhar a rotina do brasileiro durante uma semana para perceber que, de fato, Cesar Cielo Filho e a estrutura do Departamento de Natação da Universidade de Auburn foram feitos um para o outro. E isso inclui o relacionamento entre técnico e atleta, que foi recebendo ajustes e sendo refinado até chegar ao presente estágio de interesse mútuo. Um ano atrás, o vulcânico David Marsh decidiu trocar Auburn pelo olimpo da natação americana – ele será um dos técnicos que chefiará a esquadra U.S.A.
Foi substituído por Richard Quick, cuja bagagem também vale quanto pesa: seis Jogos Olímpicos como técnico-chefe ou técnico-assistente, mais de quarenta anos de profissão. Mas o estilo é diferente, a começar pelo visual. Em treinos na novíssima piscina olímpica ao ar livre do campus, Quick combate as temperaturas tórridas do Alabama envergando um chapéu claro à la Crocodilo Dundee (“para ser eficaz, a aba precisa medir no mínimo 4 polegadas”, ensina), camisa branca de mangas compridas, calça comprida branca, e o rosto alvo besuntado por protetor solar fator 60. Embora Quick tenha a última palavra em tudo o que se refere ao Departamento de Natação de Auburn, ele delega bastante.
Com a equipe de atletas dividida em fundistas, nadadores de meia-distância e velocistas, cada uma com seu técnico específico, e futuramente redesdobrada em nado borboleta, peito e costas, coube a Brett Hawke ter sob sua guarda o grupo estelar do qual faz parte Cesão: o dos velocistas olímpicos. Além do brasileiro, há Alexei, um croata encrenqueiro, o francês Bousquet, um australiano e dois americanos.
Yakob, um dinamarquês que fazia parte da seleta e era o amigão do peito de Cielo, jogou a toalha numa briga com Marsh. Deixou um vazio difícil de ser preenchido na aridez de sentimentos que prevalece em ambiente tão competitivo. O próprio Cielo narra um episódio que ainda o deixa atônito. Ele tinha passado seis meses no Brasil para recalibrar sentimentos e rever a família, e retornara a Auburn todo animado. Alegre, apresentou-se a Marsh, que dispensou os cumprimentos de boas-vindas. “Ele me avaliou como se eu fosse um cavalo de corrida. Apalpou meu braço com um ‘hum, você aumentou de musculatura, bom’ e observou, satisfeito, que meu pé também tinha crescido. Me radiografou por inteiro. Me senti como um uma mercadoria em exposição.” [...]

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aeee... amanhã (ou hoje ainda) tem mais... :D
gente... eu gostaria de agradecer ao pessoal que comenta aqui... muita gente pode pensar "ah que nada ela nem lÊ" mas eu leio sim! eu sei de cada pessoinha que comenta aqui, e sou muito grata a todos vocês por isso... são vocês que fazem o meu blog ir pra frente... eu fico muito feliz quando sento nesse pc e abro meu blog e vejo que pessoas novas comentaram... e fico muito feliz também, quando vejo que os meus amigos, parceiros de blog, mesmo ja conhecendo o que eu vou postar, fazem questão de comentar... isso é muito importante pra mim gente, e é muito bom saber que vocês entendem isso... e eu aposto como o César tbm fica feliz.. :P
MUITO OBRIGADO PESSOAL! MUITO OBRIGADO MESMO!!! \o/

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videozin da Globo.com que mostra quem serão nossos representantes nas Olimpíadas de Pequim! =)

3 comentários:

Déa disse...

E quem é o 1° a aparecer!?
hahhaha
não falo nãoo!
hahhahhah

Lindão!
hahhah

Brincadeiras a parte... é imposrtante ressaltar uma coisaa..
EU ACREDITO NO CESÃO..ACREDITO QUE ELE TEM TUDO PARA BRIGAR ATÉ O FIM POR UMA MEDALHA, E PRINCIPALMENTE PARA SUPERAR A SUA "COBRANÇA" PESSOAL..
Arribaaaaaa Cesão!

Beijos.

p.S: mesmo sabendo de algo antecipadaementee.. eu leio todo o post e ainda coemento..
Não abandono isso nuncaa e mais...tenho que ler os comentários da Jack... ela ainda vai ser escritora e eu vou comprar esse livro.
hahahhaha

Fc do Cesão / Jack disse...

asuiahuhsuiahishuauisahuihsiua
\o/
eu te dÔ um exemplar autografado Déa! rs

Lucinha disse...

Pode ficar tranqüila que não vamos te deixar na mão...
rsrsrsrsrs
Beijos...