domingo, 10 de novembro de 2013

Cielo vê atraso nas piscinas, mas acha que 'jeitinho' fará Jogos funcionarem

Maior nome da natação brasileira confia na superação dos atletas da casa e espera que problemas sejam resolvidos a tempo do evento: 'Que sejam Olimpíadas bonitas'


Foram poucas idas ao Rio de Janeiro. Em meio a treinos e competições, Cesar Cielo encarou a ponte aérea apenas para eventos de patrocinadores. Mas, no trânsito, o tricampeão mundial aproveitou para observar o local que organizará o maior evento esportivo do mundo em exatos 999 dias, contados deste domingo. Cielo, que admite não entender tão bem do planejamento estrutural, se viu em meio a uma cidade em mudança. E se assustou. A menos de três anos para os Jogos Olímpicos, o maior nome da natação brasileira teme que os atrasos em algumas das obras atrapalhem a realização do evento.
- Acho que assusta a todo mundo, não só a mim. Mas, no final das contas, vamos precisar dar um jeito. Espero que o jeitinho brasileiro funcione bem e que as Olimpíadas sejam um bom evento para o Brasil. (...) Eu fui para o Rio apenas por conta de alguns eventos de patrocinadores. Visualmente, eu posso dar uma opinião. Eu realmente não sei falar mais a fundo, estou como qualquer cidadão brasileiro. Espero que tudo fique pronto a tempo, que sejam Olimpíadas bonitas. Nós vemos muita coisa em construção, não sei quanto tempo demora. Eu, como cidadão, torço para que sejam Olimpíadas bonitas.
O medo também se estende à natação. Cielo não fala apenas por si. Elogia as condições de treinamento, mas lamenta a falta de uma boa piscina de prova. Para o nadador, o local para a competição é o maior problema do esporte rumo a 2016.
- Eu acho que, para a natação em geral, estamos defasados em termos de piscina. Hoje, temos alguns lugares para treinamentos que são muito bons. Piscinas rápidas, de competição, perdemos o Maria Lenk, quase perdemos o Júlio Delamare. Basicamente, temos apenas uma piscina de competição. Precisamos de mais piscinas espalhadas pelo Brasil, com a tecnologia nova, que já é possível ter. Claro, uma ou outra coisa também pode melhorar, mas é difícil falar. Mas acho que temos muito a melhorar, sim – disse o nadador, que também pede mais competições internacionais no calendário.
- Na parte prática, precisamos de mais competições, viajar mais. Em alguns esportes, alguns vão dizer investimento em dinheiro. No nosso caso, seria um investimento mais relacionado. Mas tudo o que eu sei, vejo na imprensa. Espero que os governantes tomem as atitudes corretas.

REVEZAMENTO ENTRE BRASIL E EUA

Cielo é apontado quase como certeza de medalha nos Jogos. A data, porém, não leva nenhuma mudança à preparação do nadador. Cesão prefere pensar seu treinamento temporada a temporada. Afirma, no entanto, que a marca simbólica serve de alerta até os jogos de 2016.
- Sinceramente, a marca de 1.000 dias, como treinamento, não tem muito significado, não. É mais um lembrete de que está chegando. Cada vez mais, estamos mais perto das Olimpíadas. Passa voando. Serve para nos mantermos alertas, que está chegando a hora. E, se Deus quiser, vamos fazer grandes provas para conquistar as medalhas. Nós fazemos temporada a temporada, cada uma pensando na atual. Mas, lógico, experimentando algo diferente no treinamento para chegar nas Olimpíadas e fazer só o que dá certo. Para chegarmos na temporada olímpica e fazer apenas algo perto da perfeição para mim - disse o nadador, indicado ao prêmio de melhor do ano pela Federação Internacional de Natação (Fina).
Uma mudança para os Estados Unidos chegou a ser divulgada na imprensa. Cielo, porém, diz que não é bem assim. O nadador afirma que manterá seu planejamento até 2016, revezando temporadas em solo brasileiro com outras em terras americanas, onde mora seu treinador, Scott Goodrich.
- Vou fazer mais ou menos como fiz esse ano. Vou passar alguns meses lá, outros aqui. Mais pelas competições. Se tiver alguma competição interessante no nosso calendário, fico um mês lá e volto. A ideia é fazer assim até 2016, nessa de ir e voltar. Até onde der certo, vamos fazer. Quando não der, vamos ver. 
Cielo afirma que, para um atleta olímpico, o momento é ideal para focar no treinamento. Com os holofotes voltados para o futebol, os outros esportes ganham liberdade para se preparar. Mas diz que a pressão se tornará gigante em 2016.
- Com a Copa do Mundo, não vai ter tanto barulho (para um atleta olímpico). É um momento bom para o esporte olímpico, ter essa tranquilidade para treinar. Agora, o futebol vive um grande momento. Mas tenho certeza que, em 2015, vai ser a vez de o esporte olímpico ter uma ascensão grande. Vamos ter de lidar com pressão, imprensa, tudo. É o momento de a gente dar uma descansada e aguentar tudo o que vier pela frente.
No fim, Cielo se guia pelo otimismo. Não finge não ver os problemas, mas prefere ressaltar a luta de um atleta no Brasil. O maior nome da natação brasileira acredita em uma nova superação. 
- Várias ações foram feitas, para vários esportes. Outras poderiam ter sido feitas, outras foram feitas muito tarde. Faltam mil dias para os Jogos. Mas espero que tenhamos a melhor campanha da história. Espero que seja para dar continuidade para 2020, 2024. Como na questão da infraestrutura, estou torcendo. Eu acho que o brasileiro é um batalhador. Temos grandes atletas, vários  com grandes chances de medalha. Mas não quer dizer necessariamente que estamos com o esporte melhor. São grandes atletas mesmo. Espero que a massificação dos esportes seja diferente depois de 2016.  Não quero um baque. Espero que sirva para alavancar ainda mais e que seja a nossa melhor campanha.

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