ENTREVISTA DE CÉSAR CIELO AO AQUAREPORT
AquaReport (AR) - Muito obrigado por nos conceder esta entrevista. Como se sente o grande Campeão Olímpico?
Cesar Cielo (CC) - Muito bem, mas numa fase difícil de treinamentos. A base é muito dura. Tem dia que vou dormir cedo, mas quando acordo parece que acabei de deitar, de tão cansado...
Estou treinando em Auburn (EUA), com o Brett Hawke, depois de fazer um período de base em São Paulo, no Clube Pinheiros, com o técnico Alberto Silva. Minha prioridade é o Mundial.
“a pressão aumentou”
AR - Como é estar no lugar mais alto do pódio nos Jogos Olímpicos?
CC - Sempre repito o que disse em Pequim: ver o número 1 na frente do seu nome numa Olimpíada é uma sensação indescritível. A pressão aumentou, a procura também, da mídia, de fãs... Tive de organizar melhor a minha agenda para continuar treinando.
“Não consigo controlar as emoções.”
AR - Vai ficar para sempre a sua imagem a chorar. Que comentário faz a essas imagens?
CC - Até hoje quando vejo as imagens das provas de Pequim e do pódio me emociono. Fico torcendo para a prova acabar logo para ver se ganhei mesmo as medalhas... Não consigo controlar algumas emoções.
AR - Que sentimento tem quando olha para as medalhas?
CC - Elas estão guardadas num cofre de banco. Assim eu fico tranquilo para seguir minha rotina. Não fico pensando o que está acontecendo com elas. Acho que se eu perdesse iria de casa em casa, mesmo em São Paulo, perguntando pelas minhas medalhas. Me sinto bem, de cabeça, por saber que estão bem guardadas.
AR - Voltando um pouco atrás, como foi a sua preparação para os Jogos Olímpicos? Em algum momento colocou em causa todo o trabalho desenvolvido para os Jogos? Se sim, como superou essa dificuldade?
CC - É um grande sacrifício ficar em Auburn (EUA), longe da minha família e amigos. É uma cidade pequena. No Pinheiros, em São Paulo, o clube onde eu treino, tem mais gente do que lá. Mas fica mais fácil manter o foco. Durante a preparação para a Olimpíada tropecei no Maré Nostrum - estava nadando contra quatro caras que iam competir comigo e quase entrei em desespero. Mas voltei a treinar porque recuperei a motivação, precisava daquilo, acreditava no sonho. Sou muito visual. Para ajudar espalha bilhetinhos pela casa, com as marcas que eu quero fazer. Isso me ajuda. Também escuto muito os meus pais Flávia e Cesar.
AR - Em Pequim, como era o seu dia-a-dia?
CC - Como de todos: piscina, restaurante, quarto para o descando, piscina, restaurante, quarto... O que tinha de fazer já estava feito. E muita pressão, é claro, cobrança pessoal.
AR - Como viveu o dia anterior e o dia da final, tanto dos 100 como dos 50 m livre?
CC - Antes dos 100 m eu estava mal. Claro que treino e talento são fundamentais. Mas muitos adversários têm talento. Sei que centésimos de segundos separam um do outro em competições de alto nível. Pensava será que vou conseguir. Quando entrei na salinha comecei a pensar: tenho tempo melhor do que três dos que estão na final, posso vencer o outro... então já sou 4°... um poquinho de esforço e posso pegar o bronze...
“Deixei a piscina confiante”
AR - O que pensou antes e depois da prova dos 50 metros estilo livre?
CC - Depois dos 100 m e da medalha de bronze tudo mudou. Deixei a piscina confiante, certo de que o ouro nos 50 m livre era meu. E isso não mudou. Depois que eu bati foi muito bom ver que tudo tinha se confirmado. Confesso que ganhei grande confiança para nadar os 50 m livre. E confesso que foi incrível ver o número um na frente do meu nome. Vencer é uma das melhores sensações do mundo. Ainda na salinha, esperando para entrar eu me sentia incrivelmente tranquilo. E pensei no que o meu técnico disse: ´Vai lá e põe a mão na parede. O (Michael) Phelps ganhou por um centésimo (os 100m borboleta). Você vai querer perder por um centésimo? Está dentro de você, deixa sair. Todo mundo viu que você está mais rápido. Não fica pensando muito´. Foi o que eu fiz".
AR - Quando recorda os Jogos Olímpicos 2008, qual é o sentimento?
CC - Muito bom. Mas de desafio para o futuro.
AR - Sabemos que existe um papel no teto do seu quarto com um objectivo seu. Será que após Roma vai queimar esse papel e colocar outro com um objectivo mais ambicioso?
CC - Espero queimar sim. O objetivo de tempo que fixei lá não conto para ninguém, mas é bem difícil.
AR - Para Roma, o que podemos esperar do Cesar Cielo?
CC - O que está faltando para mim é o recorde mundial, que sigo buscando. Vou buscar melhorar minha marca em pelo menos três centésimos e ser o cara mais rápido na piscina na história. Cheguei ao ouro olímpico com apenas 21 anos, tem muita água para rolar ainda. Quero nadar, quem sabe, até a Olimpíada de 2016.
AR - Em assuntos da natação é inevitável falar dele: Michael Phelps. Como vê um possível desafio nos 100 Livres com ele?
CC - Acho que ele pode se dar bem nadando os 100 metros livre. Nos 50 m livre a coisa é diferente. É claro que ninguém poderia subestimar um cara fera como é o Phelps. Mas na hora dos 50 m livre acredito mais em mim.
AR - Acredita que muitas pessoas estão ansiosas pelos 50 e 100 Livres em Roma? E o Cesar Cielo, desejoso por voltar a vencer uma grande competição?
CC - Sim, acredito. A prioridade é nadar o mais rápido possível, e é lá em Auburn que eu tenho a tranquilidade e a estrutura necessária para isso. Você não encontra em lugar nenhum do mundo uma estrutura e a quantidade de competidores de alto nível que você encontra nos treinamentos nos Estados Unidos. Isso faz a diferença em um Mundial. Estou me esforçando para responder aos ansiosos com um bom resultado.
“Sigo na minha rotina”
AR - Sente que a sua responsabilidade na água aumentou?
CC - Sigo na minha rotina, pelo menos tento. Mas acho que o que mudou é que eu tenho mais tranqüilidade porque agora tenho patrocinadores (Arena, Correios e Pinheiros), estou negociando apoios para um novo ciclo olímpico. E também tenho motivação para seguir trabalhando. Mas claro que a responsabilidade aumentou.
AR - Qual o segredo para ser um nadador tão rápido?
CC - De biótipo, aptidão, bons treinadores, boa infra-estrutura, equipamentos, meio ambiente adequado...
“Muito treino de reflexo”
AR - A sua partida é realmente muita rápida. Que tipo de treino faz para o conseguir?
CC - Muito treino de reflexo e mentalização. Força, todos os velocistas têm, pois trabalhamos bastante a parte física na musculação. Valorizo muito a parte mental da saída.
AR - Como é um dia da vida de Cesar Cielo?
CC - A de nadador? Varia, no ano, de acordo com o planejamento técnico, a carga de treinamento, e o momento - no início da temporada rodamos muitos metros na piscina, perto de competições descansamos mais. Nos Estados Unidos, eu conciliava estudos e natação. Os horários das aulas são flexíveis, a grade curricular é ajustável às necessidades do aluno-atleta. Isso facilita muito a tarefa de conciliar a natação e os estudos. É claro que a rotina de preparação não é exatamente igual. Depende do volume de cada treino. Mas na rotina diária eu treinava de manhã bem cedo, de madrugada ainda. Começava a nadar por volta das 5h30 ou 6 horas. A piscina ficava aberta até às 9 horas, mas quem tinha aula as 8 horas terminava o treino antes. À tarde, todos voltavam aos treinos às 16 horas. Assim, tínhamos de escolher aulas que terminassem, no máximo, às 15h50. Eu tinha uma média de três ou quatro aulas por dia. Nos dias de treinos duplos eu me dedicava à natação por seis horas, em média. Nos dias de treinos simples eu me dedicava três horas, em média. Acho que uma rotina dessas exige muita disciplina. Então posso dizer que sou disciplinado.
“Perna e treino de fundo”
AR - Em termos de treino, qual a tarefa que mais prazer lhe dá fazer? E qual aquela que menos gosta?
CC - Tiro de velocidade e saída são as coisas que mais gosto. Perna e treino de fundo o que menos gosto. Mas faço!
AR - Qual a grande vantagem que existe nos EUA para os nadadores em relação a outros países?
CC - Lá em Auburn tenho a estrutura necessária e o Brett Hawke. Meu trabalho com ele deu muito certo. A estrutura que você encontra lá é mesmo diferente em relação a de outros países. E eles conciliam treinos, competições e estudos.
AR - Como supera a distância da família e dos amigos?
CC - Acho que focando bem os meus objetivos e deixando isso claro, tanto para mim quanto para a minha família. Mas eu sempre falava em casa, com muita constância, e de vez em quando minha mãe, Flávia, baixa nos Estados Unidos para me ajudar.
AR - Qual foi a sua primeira grande competição? O que sentiu?
CC - Eu lutava judô, quando era criança. Mas como era alto, tinha de lutar numa categoria acima da minha. Pedia dos meninos mais velhos e não gostava. Mudei para a natação. E só continuei a nadar porque estava ganhando. Minha primeira conquista veio aos 8 anos, nadando num festival do clube Barbarense (da cidade de Santa Bárbara D´Oeste, em São Paulo). Fiz 25 metros em 18 ou 19 segundos, mas o que me inspirou a ganhar foi chegar em primeiro.
“4x100m livre no Mundial”
AR - Quais foram os principais títulos que conquistou e que recorda de maneira especial?
CC - Acho que a medalha de prata no revezamento 4 x 100 m livre no Mundial de Piscina Curta de Shangai. Foi uma medalha com a seleção brasileira.
AR - Tem algum ídolo na natação?
CC - Gustavo Borges e Alexander Popov.
“minha sunga (tanga) perdeu o cordão antes da prova”
AR - Possivelmente tem algumas histórias engraçadas vividas ao longo da sua carreira como nadador. Pode partilhar conosco alguma?
CC - Quando a minha sunga perdeu o cordão antes de uma prova e eu troquei ali mesmo, atrás do bloco de partida, na frente de todo mundo. Mas eu tinha 8 anos.
AR - Conhece alguma coisa da natação em Portugal?
CC - Eu acompanhava os resultados do Thiago Venâncio. Somos da mesma idade e competimos juntos no Multinations, na Polônia. Tive a oportunidade de treinar com a Sara Oliveira, em 2006, em São Paulo também.
AR - É possível contar com a presença de Cesar Cielo em algum Meeting Internacional do nosso país num futuro próximo?
CC - Sempre é possível. Para este ano, não tenho nada programado em Portugal.
AR - Por fim, gostaria de deixar alguma mensagem aos fãs e nadadores jovens de Portugal?
CC - Saber que problemas inesperados vão surgir no meio do caminho, mas trabalhar para vencê-los. Insisto: muita dedicação, comprometimento com o trabalho e uma boa dose de sorte.
AR - Obrigado e contamos festejar mais vitórias suas em Roma.
F: Swim
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volteeeeeei amores *.*
aushuahsuia
4 comentários:
Jack q bom q vc voltou, eu por sorte tô com o "note" da minha tia q tá aqui filando a bóia kkkkkkkkkk
Césão para Portugal, qluxo esse garoto. Mas ele estará lá sim, porém para a aclimatação antes do Mundial de Roma e não para competir.
Tadinho entendo como é dormir e acordar no dia seguinte parecendo q vc carregou pedra nas costas, até a planta do pé dói, no meu caso, qdo recomeço meus treinos - eu corro toda manhã às 5h, portanto seu César 5h30min NÃO É MADRUGADA, 4h é q é kkkkkkkkkkkkkk e é esse horário q eu caiu da cama. Não reclame moço.
Bjs
êêêê Jackk de voltaaaaaaaa!!!!
:)
Beijooo!
gente... q entrevista fofa, né?! hehe
falou o de sempre, mas foi legal!!
é jack voltouuuu
\j/\j/\j/
é cesão vida de campeão não é mole não
mais sempre estaremos torcendo por vc=)
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