PRA SER CESÃO

Eu tinha prometido isso pra ontem, né?!
Mas como surgiram notícias do Corinthians, não podia deixar passar e isso é mais atemporal.
Então aí vai:


"Sempre tive problema com derrota", diz César Cielo em livro infantil; leia trecho
da Folha Online

César Cielo praticava judô antes de começar a nadar, sempre foi bom aluno e detestava perder, chegando a ficar emburrado e sem conversar com seus adversários. O atleta revela esse e outros segredos de infância no livro "Manual do Pequeno Atleta".

A obra, uma parceria da Casa da Palavra com o selo COB Cultural, do Comitê Olímpico Brasileiro, mistura realidade e ficção e traz histórias de vida de 18 atletas brasileiros. Além do nadador, narram suas trajetórias Gustavo Borges, Janeth, Oscar, Fernando Meligeni, Guga, Bruno Souza, Meg, Flávio Canto, Maurren Maggi, Claudinei Quirino, Luisa Parente, Diego Hypólito, Paula Pequeno, Tande, Emanuel, Natália Falavigna e Zico.



Os causos contados por estes grandes ídolos brasileiros chegam aos pequenos leitores - e aos grandes também - por meio das aventuras de um grupo de amigos que descobrem uma quadra abandonada no bairro e, por conta disso, começam a viver em função do esporte.

No trecho abaixo, Cielo conta como começou seu interesse pela natação, fala das dificuldades que enfrentou no início de carreira e do problema para lidar com as derrotas, e narra como conheceu Gustavo Borges, um de seus ídolos na modalidade.

César Cielo

Campeão Mundial nos 50m livre e 100m livre em 2009. Medalhista de ouro nos 50m livre e de bronze nos 100m livre nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008. Medalhista de ouro nos 50m livre, 100m livre e no 4 x 100m livre, e de prata no 4 x 100 medley nos Jogos Pan-americanos Rio 2007.

Durou pouco a minha carreira no judô. Entrei com 7 anos e parei logo depois. Eu nunca gostei de esportes de contato. Comecei a nadar com 8, quase 9 anos. Aí eu me encontrei. Eu ganhava a maioria das provas, mas quando perdia o vencedor não era mais meu amigo. Ele chegava pra falar comigo e eu não queria papo. Durava mais ou menos uma semana. Depois esquecia. Nunca tive remorso. É assim até hoje.

Eu sempre tive problema com derrota. Várias vezes eu não fui nem receber a medalha. Ficava com vergonha de subir no pódio em segundo e em terceiro e mandava minha mãe ou algum amigo buscar pra mim. Eu chorava bastante. Muito mesmo. Ficava com raiva porque sabia que, no fundo, eu poderia ter ganho.



(...)

Eu vejo muita gente falando: "Quando eu era criança, eu empinava pipa, jogava futebol." Comigo foi diferente. Eu nunca joguei futebol. Desde menino sempre achei que, se eu tivesse que ganhar ou perder, seria sozinho. Não gosto de dividir essa responsabilidade com ninguém, mesmo de brincadeira.

Eu sempre estudei muito. Minhas notas sempre foram as melhores da classe. Até os 15 anos eu nadei, mas o estudo era a minha prioridade. Aos 16 anos, comecei a levar a natação mais a sério. Sempre fui tranquilo, mas ficava meio estressado quando as coisas não aconteciam do jeito que eu queria. Sempre fui o mais alto da turma. Na quarta série, com 10 anos, eu já calçava 42. Ser o mais alto, magro e de pés grandes sempre foi motivo de piada. Na verdade, eu não gostava nem um pouco, mas não podia fazer nada. Lembro que, aos 13 anos, eu quis parar de nadar por causa do meu estirão, quer dizer, do meu crescimento muito rápido de uma hora para outra. Meu pai, que é pediatra, teve que me levar ao médico para eu poder entender o que estava acontecendo, porque eu não acreditava nele. Foi uma época em que eu cresci muito, não tinha coordenação motora, meu corpo estava desengonçado e eu não conseguia ganhar força. Os músculos estavam crescendo, os ossos estavam crescendo. Não ganhei nada naquele ano, só altura!

Teve uma competição, o Troféu Maurício Becker, do Campeonato Brasileiro Infantil, disputado em Brasília, em que eu fui tão mal, tão mal, tão mal, que fiquei com vontade de parar. Fiquei em 26º nos 400m livre e em 20º nos 200m livre. Minha melhor colocação foi 12º nos 100m livre. Era dezembro de 2000 e eu falei para minha família: "Chega! Não quero mais! Acabou a graça! Quero fazer outra coisa!". Na verdade, já tive uns quatro milhões de pensamentos parecidos, onde surgia essa história de parar de nadar, mas, para valer, aconteceu só essa vez. Parei uma semana. Eu estava treinando bem, mas fiquei com vergonha do meu resultado naquela competição. Estava com vergonha de me olhar no espelho. Mas meus pais acabaram me convencendo a continuar.

Quando eu tinha 15 anos, venci pela primeira vez um Campeonato Brasileiro. Na prova dos 50m livre, o placar parou de funcionar. Eu havia ganho a prova, mas deram empate entre mim e outro competidor. A gravação feita por uma câmera mostrava que eu havia chegado na frente, mas o cronômetro do árbitro era manual e dependia do cronometrista. De qualquer forma, empatando ou não, eu tinha vencido. Mas fiquei muito danado da vida de empatar no meu primeiro título no Campeonato Brasileiro. Depois disso, eu nunca mais perdi os 50m e 100m livre na minha categoria. A partir daí eu fiquei confiante de que alguma coisa realmente poderia dar certo no futuro, alguma coisa boa eu ia conseguir tirar da natação.

(...)

Tinha vezes que eu torcia para o Gustavo, tinha vezes que eu torcia para o Xuxa, que me chamava mais a atenção pelo fato de ser mais explosivo. O Gustavo era mais na dele, mais modesto. Sempre tive uma admiração muito grande pelos dois. Eu fiquei mais próximo do Gustavo quando fui treinar no Clube Pinheiros, em São Paulo, aos 16 anos. Demorou uns seis meses pra eu me dar conta de que estava treinando com o Gustavo Borges como um companheiro, um nadador igual a mim, não mais como um ídolo.

No começo, o Albertinho, nosso técnico, me botava do lado dele. Eu ficava olhando de cantinho de olho. "Nossa, estou na raia do Gustavo!", pensava em silêncio. Mas queria ganhar dele de algum jeito. Eu era tão competitivo que teve uma época em que eu não aceitava perder nada nem treino. O Gustavo, sem saber, acabou me ajudando muito a superar isso. Eu era juvenil, mas perdia para ele, que já era adulto, e ficava bravo. Um dia, meu técnico disse: "Olha, César, numa boa, não estou menosprezando você, mas veja sua idade! Você tem 16 anos, está perdendo para um cara que é medalhista olímpico e ficando bravo? Você está ficando louco?" Foi aí que eu comecei a aprender a perder.

FONTE: Folha Online - Esporte


--> Que tal, hein?!
Vocês não vão estranhar se eu disser que chorei e ri ao mesmo tempo, né?!
Seria o tipo de coisa PERFEITA pra uma matéria do #idolo Regis Rosing. hehe

Beijocas Celestes